Nascer de Novo: Uma Reflexão sobre João 3.1-15 e a Vida Contemporânea

Alex Sandro Perez Santos – Teólogo

Em João 3.1-15, encontramos um diálogo entre Nicodemos, um líder religioso da época, e Jesus. Nicodemos se aproxima de Jesus à noite, um detalhe que simboliza a sua busca por luz e compreensão em meio às trevas da ignorância ou incerteza. Essa conversa dá origem a uma das declarações mais famosas de Jesus: “Em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus” (João 3:3).

Esta reflexão se concentrará em explorar o significado deste “nascer de novo” na perspectiva de nossa fé, nossos relacionamentos uns com os outros e nossa abordagem à política e à cultura contemporânea.

Primeiro, no contexto de nossa fé, nascer de novo é uma expressão da transformação interna que experimentamos quando aceitamos Cristo em nossas vidas. Não se trata apenas de uma adesão intelectual aos princípios do cristianismo, mas de uma mudança fundamental em nossa forma de ver e estar no mundo, guiada pelo Espírito de Deus. Esse processo de renascimento é contínuo, nos chamando a buscar o entendimento e o crescimento constantemente.

Em relação à nossa interação com os outros, o amor cristão, o respeito e a comunhão emergem como aspectos vitais desse renascimento. Jesus não apenas falou sobre o amor e o respeito, mas os viveu em suas interações com todos, independentemente de sua posição social, origem ou crenças. Ele rompeu as barreiras culturais e religiosas de sua época e nos desafia a fazer o mesmo. 

Esse mandato de amor e respeito é especialmente pertinente no cenário político contemporâneo. Jesus nunca se esquivou de questões sociais e políticas; ao contrário, ele desafiou a opressão e a injustiça. Portanto, “nascer de novo” neste sentido implica que, como seguidores de Cristo, não podemos nos abster das questões sociopolíticas de nosso tempo. Pelo contrário, somos chamados a atuar no mundo de forma a refletir o reino de Deus, promovendo a justiça, a paz e a dignidade para todos.

Em relação à cultura mais ampla, a passagem de João nos convoca a uma abertura de mente e coração. Ao nascer de novo, somos chamados a desafiar as presunções culturais que impedem a justiça, o amor e a verdade. Em vez de aceitar acriticamente a cultura dominante, devemos buscar uma vida cultural que promova a dignidade humana, a verdade e a beleza. 

Assim, a passagem de João 3.1-15, longe de ser um ensinamento abstrato, tem implicações práticas profundas para nossa vida cotidiana. “Nascer de novo” não é um evento único, mas um processo contínuo de crescimento e transformação que nos desafia a viver o amor de Cristo de forma mais plena em todas as áreas de nossa vida: em nossa fé pessoal,

em nosso trato com os outros, em nosso envolvimento na política e em nossa relação com a cultura.

Reflitamos, portanto, sobre como podemos viver este “nascimento de novo” em nossas vidas diárias, lembrando que em todas as nossas ações, somos chamados a refletir o amor, o respeito e a comunhão que Jesus exemplificou e ensinou.

Este blog utiliza cookies para garantir uma melhor experiência. Se você continuar assumiremos que você está satisfeito com ele.