Purificando o Templo da Nossa Existência: Reflexões sobre João 2:13-22

Por: Alex Sandro Perez Santos- Teólogo

O evangelho de João 2:13-22 relata o episódio em que Jesus expulsa os mercadores do templo, uma ação que, à primeira vista, pode parecer fora de caráter para um Jesus usualmente sereno e compassivo. No entanto, essa passagem oferece lições profundas sobre fé, respeito, amor e até sobre política e cultura que são extremamente pertinentes em nossa realidade moderna.

Comecemos com o cerne da história: a indignação de Jesus ao ver o templo, um local sagrado de adoração, sendo usado para fins comerciais. Para muitos, esta pode ser uma crítica ao capitalismo desenfreado que se infiltra em lugares sagrados, profanando-os. Na vida moderna, poderíamos extrapolar essa crítica para outras áreas: como estamos permitindo que o consumismo e o materialismo invadam nossos ‘templos’ pessoais – nossos corações, nossas mentes, nosso tempo e nossa energia? Estamos nos concentrando em ‘comprar e vender’, ao invés de cultivar um relacionamento autêntico com Deus e com os outros? 

Nesta história, Jesus nos desafia a repensar nossas prioridades. Nos convida a purificar nossos templos internos e externos de tudo o que não serve ao propósito divino, sejam ambições egoístas, preconceitos, vícios ou o consumismo desenfreado. Isso requer autoavaliação constante e a coragem de mudar quando percebemos que estamos fora do curso.

O episódio também aborda a ideia de respeito e comunhão. Jesus nos lembra que os locais de adoração devem ser lugares de encontro com o divino e de comunhão com os outros, não de exploração e lucro. Isso se estende a todos os espaços em nossas vidas. Precisamos garantir que nosso trabalho, nossas casas e nossas comunidades sejam lugares de respeito mútuo e amor, onde todos se sintam valorizados.

Vale ressaltar também que Jesus, mesmo sendo o filho de Deus, foi questionado sobre a sua autoridade para realizar tal ação. Ele responde com uma profecia da sua morte e ressurreição, mas as autoridades religiosas da época não entenderam. Esse episódio nos convida a refletir sobre as estruturas de poder e autoridade em nossa sociedade, e sobre a nossa resposta a profetas modernos que nos desafiam a viver de maneira mais justa e amorosa. Jesus nos desafia a estar abertos a mensagens divinas, mesmo quando elas vêm de lugares ou pessoas inesperadas.

Finalmente, a passagem termina com uma nota de esperança: o templo que é destruído (o corpo de Jesus) será reconstruído em três dias. Isto nos lembra que mesmo em meio à dor e à destruição, há possibilidade de renovação e ressurreição. Apesar dos desafios que enfrentamos em nossa vida cotidiana, cultural ou política, somos chamados a manter a fé na possibilidade de renovação e redenção.

O Evangelho de João 2:13-22, portanto, não é apenas uma história de Jesus purificando o templo, mas uma chamada para purificarmos nossas vidas e nossas sociedades dos males que nos afastam de Deus e uns dos outros. A mensagem central deste texto é um apelo à ação baseado no amor, no respeito e na comunhão, valores que acreditamos serem fundamentais para a construção de uma sociedade mais justa e amorosa. Nós, como crentes, somos convidados a ser instrumentos de mudança em nossas comunidades, levando adiante a missão de Jesus de purificar e santificar todas as áreas de nossas vidas.

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