“Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados. Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão saciados. Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia. Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus. Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus. Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós por minha causa.”
Mateus 5.1-11
A nossa sociedade contemporânea é marcada por conflitos, injustiças e um desespero que parece quase palpável. No meio dessa confusão, onde está o ensinamento cristão? Como podemos, como seguidores de Cristo, trazer a luz para a escuridão que parece prevalecer?
O Sermão da Montanha, encontrado em Mateus 5, oferece uma perspectiva radicalmente diferente sobre o que significa ser bem-sucedido e abençoado. Jesus descreveu uma realidade alternativa, o Reino dos Céus, onde os valores do mundo são virados de cabeça para baixo.
Os “pobres em espírito”, aqueles que reconhecem sua necessidade espiritual, são os verdadeiros herdeiros do Reino. Este princípio nos chama à humildade, um reconhecimento de que somos dependentes de Deus. Na nossa sociedade, onde frequentemente se valoriza a autossuficiência, é um lembrete poderoso de que ninguém é uma ilha.
Os “que choram”, aqueles que sofrem e clamam por justiça, são prometidos conforto. Este conforto não é uma promessa de que as coisas se tornarão fáceis, mas sim que Deus está com eles em sua luta. Isso fala conosco hoje, nos chamando a reconhecer a dor e a injustiça em nosso mundo e a trabalhar para corrigi-las.
Os “mansos”, aqueles que optam pela paz em vez da violência, são prometidos a herança da terra. Num mundo que valoriza a assertividade e o poder, isso nos desafia a buscar a reconciliação, a paciência e a gentileza.
Os “que têm fome e sede de justiça” são prometidos a satisfação. Isso nos chama a buscar a justiça em todas as áreas da vida, a trabalhar incansavelmente para ver um mundo onde a dignidade e o valor de todas as pessoas são reconhecidos.
Os “misericordiosos”, que estendem o perdão e a compaixão, receberão misericórdia. Isso
nos lembra da importância do perdão em nossas vidas, da necessidade de compaixão em um mundo que frequentemente se concentra no “eu”.
Os “limpos de coração”, que buscam a pureza de intenções e ações, verão a Deus. Isso nos desafia a viver com integridade, alinhando nossos atos com nossos princípios cristãos.
Os “pacificadores” serão chamados filhos de Deus. Num mundo marcado por conflitos, somos chamados a ser agentes de paz e reconciliação.
Os “perseguidos por causa da justiça”, mesmo enfrentando oposição, pertencem ao Reino dos Céus. Isso nos encoraja a permanecer firmes em nossa fé e em nosso compromisso com a justiça, mesmo que isso nos custe.
As Bem-Aventuranças são um chamado à ação, um desafio para vivermos nossas vidas de maneira diferente. Transformar o mundo começa em nossos corações, em nossas casas, em nossas comunidades. Ao abraçar esses princípios, podemos começar a ver uma mudança, trazendo o Reino dos Céus para mais perto da terra.
Alex Sandro Perez Santos
Teólogo
