Por: Alex Sandro Perez Santos – Teólogo
Em uma aldeia escondida entre as montanhas e vales, vivia um jovem chamado Oneres, conhecido por sua inquietação e constante busca pela paz interior. Oneres era um artesão habilidoso, mas apesar de sua habilidade e da admiração que recebia dos aldeões, ele se sentia incompleto e inseguro.
Certo dia, enquanto caminhava pelo bosque, Oneres encontrou um velho eremita que era conhecido por sua sabedoria e serenidade. O jovem artesão, impulsionado por seu desassossego, aproximou-se do eremita e desabafou: “Mestre, por mais que tente, não consigo encontrar paz. Há sempre uma voz dentro de mim que questiona tudo que faço e tudo que sou.”
O eremita, ouvindo atentamente, sorriu e disse: “Venha comigo, tenho algo para mostrar-lhe que talvez possa ajudá-lo.” Oneres seguiu o velho até uma pequena lagoa que refletia as montanhas e o céu azul. “Olhe para o seu reflexo na água,” instruiu o eremita.
Oneres se inclinou sobre a água e viu sua imagem tremular. Notou cada imperfeição, cada detalhe que normalmente criticava em si mesmo. O eremita então pegou uma pedra e jogou na lagoa, fazendo com que a superfície se agitasse. “O que acontece quando a água está turbulenta?” perguntou ele.
“Não posso ver claramente meu reflexo,” respondeu Oneres, observando as ondulações distorcendo sua imagem.
“Exato,” disse o eremita. “Quando sua mente está agitada pelas dúvidas e pelo medo, você não pode ver sua verdadeira essência. Mas observe agora.” Eles esperaram até que a água se acalmasse novamente, voltando a ser um espelho perfeito.
Oneres olhou novamente e viu sua imagem clara na água calma. “Quando você aceita cada parte de si mesmo, assim como a lagoa aceita tanto as pedras quanto as folhas que caem em suas águas, você encontra a verdadeira paz. A paz vem de conhecer e aceitar sua própria natureza, integralmente.”
Agradecido, Oneres refletiu sobre as palavras do eremita. Ele entendeu que sua busca por aprovação externa e perfeição apenas turvava sua capacidade de ver e aceitar sua verdadeira identidade. Com o tempo, aprendeu a tranquilizar sua mente e aceitar suas imperfeições, tal como as águas da lagoa aceitavam tudo que nelas caía.
Oneres retornou à aldeia, e com a nova sabedoria, sua arte floresceu de maneiras que ele nunca imaginara. Sua paz interior se refletia em cada obra que criava, e ele se tornou um farol de serenidade para todos ao seu redor. E assim, Oneres encontrou a verdadeira paz ao aceitar completamente quem ele era.