Por: Alex Sandro Perez Santos – Teólogo
Numa pequena aldeia encravada entre colinas verdejantes, havia uma fonte cujas águas cristalinas eram essenciais para a sobrevivência de todos os seus moradores. Certo dia, uma terrível tempestade desabou sobre a região, e com ela veio um deslizamento que contaminou a fonte com terra e pedras, tornando a água imprópria para consumo.
Os aldeões, liderados pelo ancião do vilarejo, reuniram-se em desespero. A única solução era limpar a fonte, mas para isso, alguém teria que mergulhar nas águas turvas e remover os detritos, uma tarefa perigosa devido à falta de visibilidade e ao risco de novos deslizamentos. O medo tomou conta de todos, pois entrar nas águas agora perigosas poderia ser fatal.
Foi então que Ana, uma jovem que sempre viveu à sombra de seu medo de águas profundas, deu um passo à frente. Tremendo, ela olhou para os rostos temerosos ao seu redor e disse com voz firme: “Eu vou. O medo é grande, mas a necessidade de água limpa para nossas famílias é maior.”
Antes que alguém pudesse dissuadi-la, Ana amarrou uma corda em volta da cintura, entregue pelas mãos trêmulas de seu próprio pai, e entrou na água barrenta. Os minutos passaram como horas enquanto todos aguardavam em silêncio, até que, finalmente, ela emergiu, trazendo consigo os detritos que bloqueavam a nascente.
Exausta, mas com um sorriso de triunfo, Ana foi acolhida por sua comunidade, que a celebrava como heroína. Ela havia enfrentado seu maior medo e, com isso, não só salvou a fonte, mas também deu um exemplo de coragem para todos.
“A coragem”, disse o ancião, enquanto todos ouviam, “não é a ausência de medo, mas a decisão de que algo é mais importante do que o medo.”
E assim, a coragem de Ana tornou-se uma história contada de geração em geração naquela aldeia, lembrando a todos que, mesmo nos momentos de maior temor, a força para superar vem da certeza de que algumas coisas na vida valem mais do que o nosso próprio medo.