Por: Alex Sandro Perez Santos – Teólogo
João 6.60-71 nos apresenta um momento crucial na vida de Jesus e seus discípulos. Este texto, repleto de tensões e desafios, nos ensina valiosas lições sobre fé, compromisso, e como os ensinamentos de Cristo se aplicam à nossa vida cotidiana e à realidade mais ampla de política e cultura.
A passagem começa com a afirmação: “Muitos, pois, dos seus discípulos, ouvindo isso, disseram: Duro é este discurso; quem o pode ouvir?” (João 6:60). Esta é uma resposta a um dos ensinamentos mais profundos de Jesus, aquele onde Ele se revela como o Pão da Vida e fala sobre a importância da comunhão e do comprometimento com a Sua missão.
Em uma sociedade que cada vez mais busca gratificação instantânea, podemos considerar que “dura” é a ideia de compromisso profundo com uma causa ou uma pessoa. Este ensinamento de Jesus nos desafia a ir além do imediatismo e a investir na busca contínua por um relacionamento significativo com Deus e com o próximo.
Aqui, podemos refletir sobre o valor do respeito. Respeito aqui, pode ser interpretado como a paciência e a disposição para ouvir e entender os ensinamentos difíceis de Jesus, mesmo que eles confrontem nossas visões de mundo ou nos levem a questionar as estruturas de poder existentes.
Jesus continua perguntando aos Seus discípulos: “Isso vos escandaliza?” (João 6:61). A reação deles nos lembra que os ensinamentos de Jesus, por serem contraculturais, podem, às vezes, ser chocantes ou desafiadores. Em nossa atual cultura e política, podemos nos perguntar: Quais são os ensinamentos de Jesus que nos escandalizam? Quais são as palavras que resistimos em ouvir porque desafiam nossas ideias pré-concebidas ou nossa zona de conforto?
Em seguida, Jesus desafia ainda mais seus seguidores, perguntando: “Que será, pois, se virdes subir o Filho do homem, onde primeiro estava?” (João 6:62). Aqui, Jesus aponta para a necessidade de uma perspectiva eterna, um desafio para todos nós em um mundo que muitas vezes é obcecado pelo “aqui e agora”. Este ensinamento nos convoca a refletir sobre como a fé cristã nos chama para olhar além do imediatismo, para considerar os valores eternos e as implicações de longo prazo de nossas ações.
Finalmente, em João 6:68-69, Pedro, em nome dos discípulos, afirma: “Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras de vida eterna. E nós temos crido e conhecido que tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.” Este é um forte testemunho de fé e compromisso, reconhecendo que, mesmo quando os ensinamentos de Jesus são difíceis, Ele é a única fonte de verdade e vida.
No contexto de nossa cultura política atual, a passagem de João 6:60-71 nos desafia a nos aprofundar na fé, comprometendo-nos com os ensinamentos de Jesus, mesmo quando são difíceis ou desafiam as normas culturais. Ela nos convida a respeitar a diversidade de opiniões, promovendo o diálogo aberto e honesto, enquanto buscamos entender a vontade de Deus para a nossa vida e para a sociedade.
Em uma época de polarização e divisão, a resposta de Pedro serve como um lembrete para todos nós: Cristo, o Filho do Deus vivo, tem as palavras de vida eterna. Sua mensagem de amor, comunhão e respeito é o fundamento de nossa fé e a pedra angular de uma sociedade justa e compassiva. Devemos, portanto, buscar continuamente entender e aplicar Seus ensinamentos, comprometendo-nos com um diálogo profundo e respeitoso sobre questões de fé, política e cultura.
Esta passagem, assim, nos convida a refletir sobre nossa própria jornada de fé, a aceitar os desafios de Jesus, a respeitar a diversidade, e a buscar a sabedoria e o amor de Deus em todas as áreas de nossas vidas. Essa é a visão que nos une como comunidade de fé e que nos inspira a continuar crescendo juntos.