Por: Alex Sandro Perez Santos – Teólogo
Em uma pequena vila, próxima ao sopé de uma grande montanha, viviam dois irmãos, João e Miguel. Desde pequenos, eles compartilhavam tudo: brinquedos, segredos e até os sonhos mais profundos. Mas, como em qualquer relacionamento próximo, as desavenças às vezes surgiam, e um dia, uma dessas desavenças mudou a vida de ambos.
João e Miguel disputavam uma corrida até o topo da montanha, um desafio que haviam aceitado para provar quem era o mais rápido. Durante a corrida, Miguel tropeçou e caiu, machucando-se levemente. João, no calor do momento e tomado pelo desejo de vencer, riu de Miguel e continuou a correr até o topo. Sentindo-se traído e humilhado, Miguel guardou rancor de seu irmão por aquele ato insensível.
Os anos passaram, e a distância entre eles só aumentava. João, por sua vez, sentia-se cada vez mais culpado pelo ocorrido, mas o orgulho o impedia de pedir desculpas. A vida deles, que poderia ter sido repleta de momentos compartilhados, tornou-se solitária e amarga.
Certo dia, o velho sábio da vila, vendo a tristeza e o isolamento dos irmãos, decidiu intervir. Ele convidou ambos para uma caminhada até a montanha, o local de sua disputa anos atrás. Ao chegarem ao local onde Miguel havia caído, o sábio pediu que João ajudasse Miguel a subir uma rocha íngreme. Juntos, relembrando o passado, João finalmente entendeu a dor que havia causado ao irmão. Com lágrimas nos olhos, ele se voltou a Miguel e pediu perdão por aquele dia, por não ter estado ao seu lado quando mais precisava.
Miguel, com o coração já amolecido pela jornada e pelo gesto de seu irmão, aceitou o pedido de desculpas. Ele percebeu que manter aquele rancor não o tornava mais forte; ao contrário, apenas o isolava e lhe roubava a alegria. O perdão foi um bálsamo para ambos, curando feridas antigas e reabrindo as portas para a reconstrução de sua fraternidade.
Descendo a montanha juntos, os irmãos entenderam que o perdão era a chave para uma vida mais plena e saudável. Não apenas libertava o coração da amargura, mas também restaurava a paz e a alegria que só um verdadeiro amor fraterno pode oferecer. A partir daquele dia, prometeram nunca mais deixar o orgulho ou a mágoa interferir em sua preciosa ligação.