Por: Alex Sandro Perez Santos – Teólogo
A passagem de João 10:1-21 é uma das mais conhecidas e amadas da Bíblia, onde Jesus descreve a si mesmo como o Bom Pastor, uma metáfora rica e complexa que carrega implicações profundas para a vida cotidiana, a política e a cultura. No cerne dessa metáfora estão nossos valores fundamentais: amor, respeito e comunhão.
Primeiramente, o amor está manifesto no retrato de Jesus como o Bom Pastor. Ele diz: “Conheço as minhas ovelhas e elas me conhecem” (João 10:14). Aqui vemos um amor íntimo e pessoal que Jesus, o Bom Pastor, tem por nós, suas ovelhas. Este amor é sacrificial, como Ele declara: “o bom pastor dá a vida pelas ovelhas” (João 10:11). No cotidiano, isso nos convida a expressar esse amor sacrificial em nossos relacionamentos, cuidando dos outros e colocando suas necessidades antes das nossas.
Esse amor é também um amor inclusivo. Jesus fala de “outras ovelhas que não são deste aprisco” (João 10:16), sugerindo uma visão abrangente da comunidade cristã. Este amor inclusivo é essencial em uma sociedade diversa e globalizada. Ele desafia qualquer tendência de exclusão ou divisão, nos lembrando que todos são dignos de amor e pertencimento. Este aspecto do amor inclusivo é particularmente relevante em discussões atuais sobre justiça social e direitos humanos.
Em segundo lugar, o respeito está evidente na forma como Jesus interage com suas ovelhas. Ele não as força ou as controla, mas as guia com cuidado e as conhece pelo nome (João 10:3). Este respeito pela individualidade e liberdade pessoal ecoa fortemente em questões modernas de liberdade de expressão, identidade pessoal e direitos humanos. Ele nos convida a respeitar e valorizar a singularidade de cada pessoa.
Finalmente, a comunhão é intrínseca à imagem do Bom Pastor. As ovelhas estão juntas em um rebanho, sob o cuidado do Pastor. Esta imagem de unidade e interdependência é um poderoso lembrete da importância da comunidade. Em uma era de individualismo, onde a desconexão é comum, a imagem do rebanho nos lembra que fomos criados para a comunhão. Nosso compromisso com a comunidade deve se refletir em como nos envolvemos na política, na cultura e em como estruturamos a sociedade para promover conexões significativas.
Concluindo, a imagem de Jesus como o Bom Pastor em João 10:1-21 apresenta uma visão rica e desafiadora para a vida cotidiana, política e cultural. Ela nos chama a viver com amor sacrificial e inclusivo, respeito pela individualidade e liberdade, e um compromisso profundo com a comunidade. Ao refletir sobre essa passagem, somos convidados a encarnar esses princípios em nossa própria vida, comunidade e sociedade, levando a luz do Evangelho para o mundo moderno.