Por: Alex Sandro Perez Santos – Teólogo
Em uma pequena aldeia, situada entre montanhas e florestas exuberantes, vivia uma jovem chamada Mira Portoro. Conhecida por sua bondade e compaixão, Mira Portoro sempre estava disposta a ajudar aqueles que a rodeavam. Ela oferecia abrigo aos viajantes perdidos, compartilhava seu alimento com os necessitados e consolava os que estavam tristes. No entanto, apesar de todo o amor que ela dava, Mira Portoro sentia um vazio dentro de si, como se algo estivesse faltando.
Certa manhã, Mira Portoro acordou com uma sensação de inquietação no coração. Sentindo-se desconectada de si mesma, ela decidiu procurar o conselho de uma anciã sábia que vivia nas montanhas. A anciã era conhecida por sua sabedoria e muitos vinham até ela em busca de respostas para as questões mais profundas da vida.
Mira Portoro subiu a montanha até a humilde cabana onde a anciã morava. Ao chegar, foi recebida com um sorriso gentil. “O que te traz aqui, minha querida?”, perguntou a anciã.
Mira Portoro suspirou profundamente antes de responder: “Eu sinto que algo está faltando em minha vida. Eu dou tanto amor e cuidado aos outros, mas ainda me sinto vazia e insatisfeita. Como posso encontrar a plenitude e a verdadeira felicidade?”
A anciã olhou para Mira Portoro com olhos que pareciam enxergar sua alma. “Minha filha, você é como uma fonte. O amor que você dá é a água que flui de você para os outros. Mas, assim como uma fonte precisa ser alimentada por dentro, você também precisa nutrir seu coração.”
Ela continuou: “Há uma velha história sobre uma fonte que jorrava água cristalina e pura, mas um dia, a fonte começou a secar. A água que antes fluía em abundância tornou-se escassa, e aqueles que dependiam dela começaram a sofrer. Desesperada, a fonte perguntou ao céu o que havia feito de errado. O céu respondeu que a fonte havia esquecido de se alimentar. Havia negligenciado sua própria nascente, de onde toda a água brotava.”
A anciã então pegou uma pequena tigela de barro e a encheu com água de um riacho próximo. Ela entregou a tigela a Mira Portoro e disse: “Beba desta água, mas antes, olhe para o seu reflexo nela.”
Mira Portoro olhou para a superfície da água e viu seu próprio rosto refletido. Pela primeira vez, ela percebeu as linhas de cansaço em seus olhos e a tristeza que habitava em seu semblante. Ela se deu conta de que, em seu esforço para cuidar dos outros, havia esquecido de cuidar de si mesma.
A anciã, vendo que Mira Portoro compreendia, disse: “O amor-próprio é a nascente da sua fonte interior. Sem ele, você se esvazia e não pode oferecer o que não tem. Quando você se ama e se cuida, sua fonte se renova e você pode continuar a jorrar amor e compaixão para o mundo. Este é o primeiro passo para uma vida plena.”
Mira Portoro agradeceu à anciã e desceu a montanha, refletindo sobre o que havia aprendido. A partir daquele dia, ela começou a dedicar tempo para si mesma, meditando, cuidando de seu corpo e mente, e respeitando seus próprios limites. Com o tempo, o vazio em seu coração foi preenchido por uma sensação de paz e contentamento.
E assim, Mira Portoro descobriu que o amor-próprio não era um ato de egoísmo, mas a base necessária para que ela pudesse continuar a amar os outros. Sua fonte interior, agora renovada, voltou a jorrar com abundância, trazendo vida e alegria não apenas para ela, mas para todos ao seu redor.