Por: Alex Sandro Perez Santos – Teólogo
No evangelho de João 8.1-11, somos confrontados com uma história poderosa de misericórdia, graça e amor incondicional. A narrativa começa quando os escribas e fariseus trouxeram perante Jesus uma mulher pega em adultério, uma ofensa grave sob a lei mosaica que poderia levar à pena de morte. Eles questionaram Jesus sobre o que deveria ser feito com ela, esperando apanhá-lo em uma contradição da lei.
Jesus, em resposta, declarou: “Aquele que de vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela.” Com essa afirmação, Jesus abordou a hipocrisia dos acusadores e subverteu a cultura de acusação e julgamento prevalente na época. Este ensinamento é tão relevante hoje quanto era há dois milênios.
Hoje, nossa sociedade é frequentemente marcada por uma cultura de denúncia e cancelamento. Pessoas são julgadas e descartadas por erros passados, sem espaço para o arrependimento ou a mudança. Porém, o exemplo de Jesus nos mostra que todos nós temos falhas, e a graça e o perdão devem ser a resposta à nossa natureza pecaminosa. Como Jesus disse a essa mulher: “Nem eu te condeno; vai e não peques mais.” Jesus mostrou a ela misericórdia, amor e a oportunidade de um novo começo.
Este relato ilustra nossa necessidade de uma cultura de perdão. Em vez de apontar o dedo para os pecados dos outros, devemos refletir sobre nossas próprias falhas. Esse entendimento traz implicações significativas para a forma como conduzimos nossa vida pessoal, a política e interagimos com a cultura em geral.
Em termos pessoais, devemos nos esforçar para viver segundo o exemplo de Jesus, tratando os outros com amor, respeito e misericórdia, mesmo quando eles erram. Esse ato de perdão não é apenas um símbolo de humildade, mas também um reflexo de nossa compreensão da natureza humana e da universalidade do pecado.
No campo político, essas lições podem ser traduzidas na maneira como criamos e implementamos políticas que respeitam a dignidade humana, mesmo na face do erro. Em vez de focar em punições severas, devemos priorizar a reabilitação, a compreensão e a inclusão.
No que tange a cultura mais ampla, este texto nos convoca a resistir à tendência de condenar rapidamente os outros por seus erros. Devemos incentivar uma cultura que valorize a empatia e o perdão, em vez do julgamento precipitado.
Assim, o amor cristão, o respeito e a comunhão são valores que se refletem vividamente nessa passagem. Nosso desafio, enquanto comunidade de fé, é internalizar essas lições e vivê-las em nosso cotidiano. Isso significa amar como Jesus amou, oferecendo graça quando outros demandam condenação, e buscando sempre o entendimento e a comunhão, ao invés do julgamento e da divisão.
Que a história da mulher adúltera e a resposta cheia de graça de Jesus inspirem nosso caminho à medida que nos esforçamos para espelhar esses valores em nossa vida e cultura. Este é o convite de Jesus – um convite para viver de uma maneira que honra o dom da graça, que celebra a comunhão e que eleva o amor acima do julgamento. Afinal, somos todos pecadores necessitados da mesma graça salvadora.